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quarta-feira, 17 de agosto de 2016

ENTREVISTA: Ricardo Morais um internacional no segundo escalão distrital

Texto: João Carlos Lopes / Fotos DR 

“Fiz um percurso extraordinário nas camadas jovens”

Ricardo Morais é um jogador de 26 anos que como tantos outros viveu legitimamente o sonho de um dia singrar ao mais alto nível no futebol. Chegou a ter contrato profissional com o Vitória SC mas as mudanças técnicas trocaram-lhe as voltas e obrigaram-no a ir mudando de Clube. Fez formação na AD Fafe e no Vitória SC e como sénior representou o Vitória SC, GD Serzedelo, Amarante FC, SC Espinho, FC Lixa, AD Ponte da Barca, AC Vila Meã, SC Maria da Fonte, ACD Pica, CF Carregal do Sal e OFC Antime. Foi chamado a estágios das seleções nacionais de Sub 16, Sub 17, Sub 18 e Sub19 e chegou a internacional nas camadas jovens. Joga agora no segundo escalão do futebol distrital mas não perde a esperança e alimenta o sonho de ainda poder singrar no futebol. Tem consigo a humildade de reconhecer que jogar no distrital não é desprestigiante e agradece até as oportunidades que lhe são dadas. Não sente revolta mas reconhece que com as pessoas certas podia ter chegado mais longe.


Onde e com que idade começou a jogar futebol?

Iniciei-me na prática de futebol com 7 anos na AD Fafe.

Teve sempre vocação para defesa ou jogou noutras posições?

Inicialmente na AD Fafe, joguei a extremo, depois no Vitoria de Guimarães joguei sempre como lateral (direito ou esquerdo), desde os iniciados até aos seniores (liga intercalar 2007 / 2008, onde fui titular em todos os jogos do VSC)

Quando se dá o seu ingresso no Vitória SC?

Jogava nos iniciados da AD Fafe e fui contratado para o segundo ano de iniciados do VSC.

Conquistou títulos ao serviço dos vitorianos?

Conquistei uma taça AF Braga Juvenis, e participei em todas as fases finais dos campeonatos nacionais de iniciados, Juvenis (3.º classificado a nível nacional) e Juniores (3.º classificado a nível nacional)

Sabe porque chegou a internacional? 

Devido ás boas campanhas que fiz no Vitoria SC, desde os iniciados, fui chamado para vários estágios em Sub16, Sub17, Sub18, Sub19 e como titular fiz um jogo contra a Turquia em Inglaterra. Participei em vários jogos como suplente não utilizado, não conseguindo agora contabilizar.

Como ocorreu a transição de júnior para sénior?

Na altura de júnior, fui chamado pelo mister Manuel Cajuda a treinar e jogar pela equipa principal, na liga intercalar e ai, assinei o meu contrato como profissional pelo Vitoria SC. Tudo indicava que iria continuar com o plantel profissional, mas nesse final de época entrou um novo treinador, que me emprestou ao GD Serzedelo, onde joguei a minha primeira época como sénior, foi uma época de adaptação a uma nova realidade, embora as condições de trabalho não fossem as mesmas, joguei a maioria dos jogos ajudando o clube a cumprir os objectivos propostos, que era a manutenção. Sabia que iria fazer a pré-época, com o plantel principal do Vitória, mas uma lesão no final da época, retirou-me essa oportunidade e fui emprestado ao Amarante FC, tendo sido campeão nacional da 3.ª Divisão!

Em que clubes jogou depois de chegar a sénior?

Vitória SC, GD Serzedelo, Amarante FC, SC Espinho, FC Lixa, AD Ponte Da Barca, AC Vila Meã, SC Maria Da Fonte, ACD Pica, CF Carregal do Sal e OFC Antime. 

Como é que um jogador da sua craveira cai nos distritais?

Infelizmente em Portugal o futebol é um negócio.  Quem não está “bem” acompanhado, não consegue entrar na “máquina”. Penso que tive o azar de não ter tido “padrinhos fortes” para me darem melhores oportunidades.

Sente-se revoltado por não ter conseguido singrar no futebol?

Não me sinto revoltado! Fiz um percurso extraordinário nas camadas jovens, fui internacional e por todas as equipas que passei, deixei a minha marca, estou consciente das minhas qualidades e sei que apenas faltou uma “cunha” forte, uma pontinha de sorte.

Gostaria de ter representado o Clube a AD Fafe?

Representei a AD Fafe, nas camadas jovens (escolinhas, infantis, iniciados) é o clube que eu gosto, da minha terra! O actual presidente foi meu treinador nas camadas jovens da ADF. Claro que como sénior gostaria de representar a AD Fafe e isso quase que se concretizou, por várias vezes, infelizmente não aconteceu. Quem sabe um dia destes!

Jogar na ACD Pica ou no OFC Antime é desprestigiante para um internacional português?

Claro que não. Jogar no ACD Pica e no OFC Antime é prestigiante, são dois grandes clubes da AF Braga e são clubes da minha terra, que gosto muito. Fui muito bem tratado na Pica e sou muito bem tratado no Antime e para mim é motivo de grande orgulho ter representado estes dois grandes clubes.

Ainda sonha com o lugar que merece no futebol Português?

O sonho comanda a vida, claro que sonho voltar a jogar ao mais alto nível, é para isso que trabalho todos os dias. Neste momento poderia estar a jogar no campeonato Nacional Prio, mas as condições que me apresentavam, não compensavam a mudança, por isso estou bem onde estou!

É da opinião que muitas vezes o talento sem padrinhos não vale nada?

Como já referi, sem um “forte padrinho” não há hipóteses no futebol, conheço centenas de grandes jogadores nos distritais que jogariam em equipas ao mais alto nível, sem dificuldade nenhuma, o talento não manda ou não é tudo, infelizmente...

Acha que com as pessoas certas podia ter chegado longe no futebol?

Eu tive sempre as pessoas certas! Infelizmente não são pessoas de grande influência, não são pessoas ligadas aos grandes interesses.

Os jogadores da sua geração do Vitória estão melhor que você?

O Cláudio Ramos está no Tondela, Gonçalo, Dinis e o Lucas jogam no campeonato nacional Prio, o Vítor Bastos está no Red Star em França, o Bruno Alves esta ainda no Vitoria, o Diogo Lamelas no Vizela, e os outros estão como eu em campeonatos inferiores.

Como se sente a jogar no OF Antime?


Sinto-me muito bem, é um clube com excelentes condições quer a nível técnico como humano. Cheguei numa fase complicada da minha vida pessoal, era titular indiscutível do CF Carregal do Sal, tinha feito todos os jogos do campeonato, taça de Portugal e final da super-taça AF Viseu, mas infelizmente uma situação de foro pessoal obrigou-me a regressar a casa. Não me esqueço de que numa altura difícil o OFC Antime abriu-me as portas e deu-me todas as condições para continuar o meu trabalho, fiz uma boa época em termos pessoais. Infelizmente não correspondemos como equipa aos propósitos delineados pela direcção, pois acabamos por descer de divisão, mas acredito muito que com esta direcção, com este grupo de pessoas fantásticas, com o grupo que ficou, com a nova equipa técnica e com os excelentes reforços que chegaram, vamos voltar ao lugar que o OFC Antime merece estar. Tenho também o privilégio de orientar o escalão de infantis B, trabalho que já faço desde a época passada.  

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